HISTÓRICO DA METODOLOGIA REALIZADA PRESENCIALMENTE ATÉ O ANO DE 2019. MANTEMOS A METODOLOGIA AQUI DIVULGADA PARA INSPIRAR A CRIAÇÃO DE OUTROS ATENDIMENTOS. OS ATENDIMENTOS DO PAAAH/SD FORAM ENCERRADOS COM A PANDEMIA E A APOSENTADORIA DA DRA. CRISTINA DELOU.
Entrevista Diagnóstica
A participação no Programa de Atendimento a Alunos com Altas Habilidades/Superdotação começa com a marcação de uma entrevista diagnóstica para delineamento da história de vida de cada sujeito a ser avaliado. Esta etapa é feita por meio de entrevista semi-estruturada para levantamento dos dados de identificação, pessoal e familiar quanto aos aspectos idade, moradia e religião; dados de caracterização pessoal e familiar relativos à escola: nível de escolaridade, série, localização, tipo (pública ou particular), desempenho escolar e o primeiro registro sobre áreas de interesses. Levantavam-se os dados de precocidade no andar, falar, ler, escrever, interpretar, calcular, mecânica, eletrônicos e informática. Identificam-se os antecedentes familiares de altas habilidades/superdotação com ou sem atendimento especializado, buscando-se informações de autodidatismo. E, por fim, o relato aberto sobre o desenvolvimento geral do sujeito avaliado relativo ao que mais chamava mais a atenção das pessoas quando menor, suas preferências e dificuldades de adaptação na vida em sociedade.
Os documentos escolares (histórico, boletins, relatórios escolares e provas) são analisados para efeitos de registro do desempenho escolar.
Segue-se a avaliação psicológica por meio de testes e atividades. Avaliam-se as áreas da inteligência, personalidade e criatividade sem a preocupação com a patologização dos comportamentos, mas com a descoberta dos talentos. São utilizados os testes: Matrizes Progressivas de Raven (Escalas Especial e Geral), Cubos de Kohs, HTP, Minhas Mãos, Visomotor de Bender e atividades de expressão da criatividade. Quando necessários outros instrumentos são utilizados de acordo com cada caso.
Em seguida, todos os formulários produzidos com as informações da entrevista diagnóstica são reunidos numa pasta catálogo de modo que as informações forneçam dados aos estudos de casos. O tempo de duração de cada avaliação varia de acordo com cada caso. O serviço é gratuito e continua sendo o único em toda a região metropolitana.
A Entrevista Diagnóstica também tem a finalidade de favorecer a realização do diagnóstico diferencial de altas habilidades/superdotação de outros quadros como o Transtorno de Asperger. É fato que a chamada hiperlexia induz às famílias a acharem que seus filhos são superdotados, mas é necessário atenção pelas características próprias de cada quadro.
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Orientação a Família
A Orientação a Família é feita conforme a origem da solicitação do diagnóstico e a necessidade de encaminhamentos que busquem o bem-estar do sujeito avaliado na família e na escola. A família das crianças e jovens com altas habilidades/superdotação vive desafios inerentes às suas responsabilidades para o atendimento básico das necessidades de manutenção, sobrevivência e estimulação daqueles a quem serve de modelo para a formação, imitação e inspiração desde as primeiras relações interpessoais. É na família que começa a construção da nova personalidade, com base nos parâmetros ético-morais, cultivados pelo grupo, alicerce das subjetividades em formação e que os pequeninos apresentarão, quando forem atores sociais, cidadãos com direitos e deveres das sociedades a que pertencerem.
Nem sempre a família está segura a respeito do desenvolvimento da criança que se diferencia e necessita de orientação. Ao mesmo tempo que nem sempre têm consciência de que as suas atitudes são de fundamental importância para o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes que estão no seu convívio. Estudos realizados após os anos 1960, avaliaram a influência dos pais e das famílias sobre jovens ou adultos que se destacaram em seu campo de conhecimento. Goertzel & Goertzel (1962), Bloom (1985) Gross (2000) encontraram uma enorme influência dos pais sobre as altas habilidades/superdotação dos filhos. Contudo, não basta que crianças e adolescentes apresentem, espontaneamente, talentos e capacidades precoces ou que exibam notável potencialidade nas diversas áreas do aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver ou do aprender a ser, se a família não estiver atenta para o importante papel que ela exerce sobre o desenvolvimento dos filhos.
Orientação a Escola
A Orientação a Escola vem crescendo na medida em que os gestores escolares e os profissionais da educação, entre eles os professores vêm tomando consciência da importância de seu papel no desenvolvimento dos talentos dos alunos. Regra geral, a escola orienta para que a família faça a avaliação diagnóstica a fim de buscar solução para o problema que interfere no desempenho do aluno, contudo nem sempre a escola aceita a orientação decorrente da avaliação, principalmente quando esta indica o Enriquecimento/Aprofundamento Escolar ou a Aceleração de Estudos. Embora a escola seja parte da sociedade e esteja imersa na cultura social, ela reage à influência da sociedade sobre suas ações. Acreditando que a Educação é o caminho para o desenvolvimento de uma sociedade mais solidária, justa e humana e que a mudança de cultura é parte da formação continuada que os profissionais da educação devem buscar é que o PAAAH/SD investe na Orientação a Escola.
Orientação para Aceleração de Estudos
A Orientação para a Aceleração de Estudos é feita sempre que a criança ou o adolescente mostram nível de desenvolvimento real (VIGOTSKI, 1988) assincrônico (SILVERMAN, 2002) em relação ao que é esperado para a sua idade. Por exemplo, se uma criança de 5 anos apresenta nível de desenvolvimento real de 7 e, por isso, já sabe ler e calcular mentalmente, ela não deve ser obrigada a frequentar o Jardim III, na Educação Infantil, já que suas habilidades cognitivas são superiores e dão origem a um desenvolvimento emocional diferenciado. Isto também pode ocorrer com o pré-adolescente na chegada ao segundo segmento do Ensino Fundamental e com o adolescente ao chegar no Ensino Médio.
A aceleração de estudos é um processo escolar que foge ao padrão usual da seriação, exigindo compatibilidade com a legislação vigente. Desde 1996, o Brasil garante pela LDB a “aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para superdotados”, (BRASIL, 1996) que pode ser realizada mediante a avaliação de conhecimentos na própria escola e documentada em registros administrativos.
Quando indicada, a Aceleração de Estudos é feita no PAAAH/SD na forma de programa uma vez que, segundo Southern & Jones (apud. COLANGELO, 2004, pp. 25,) há 18 tipos de Aceleração de Estudos e o Brasil prevê todos eles na LDB e nos documentos legais, dela, decorrentes, conforme pode ser visto em seguida:
1. Ingresso antecipado no Jardim de Infância (LDB, Art. 24, II – c)
2. Ingresso antecipado no Ensino Fundamental (LDB, Art. 24, II – c)
3. Saltar séries ou anos (LDB, Art. 24, II – c)
4. Avanço contínuo (LDB, Art. 24, V- c)
5. Ensino segundo o ritmo do estudante (LDB, Art. 4º, V)
6. Aceleração de matérias / Aceleração parcial (LDB, Art. 24, IV)
7. Classes combinadas (LDB, Art. 24, IV)
8. Plano de estudos compactado (LDB, Art. 23)
9. Plano de estudos abreviado (LDB, Art. 23)
10. Mentores (previsto nos Programas com orientação acadêmica como a iniciação científica, PET e todas as demais bolsas)
11. Programas extracurriculares (previsto nos Projetos Pedagógicos dos cursos de Graduação, e nas bolsas de pesquisa e extensão)
12. Cursos a distância (LDB, Art. 32, § 4º)
13. Graduação antecipada (LDB, Art. 47, § 1º)
14. Curso simultâneo/paralelo
15. Colocação Avançada (LDB, Art. 24, IV)
16. Créditos por provas (LDB, Art. 47, § 2º)
17. Aceleração universitária (LDB, Art. 47, § 2º)
18. Ingresso antecipado no Ensino Médio, pré-vestibular ou universidade (apenas comprovando documentação relativa aos níveis de ensino anteriores, LDB,
Além destes artigos que estão fora do Capítulo 5, que trata especificamente da Educação Especial, neste capítulo há o Art. 59 que assegura aos educandos com necessidades especiais: I – currículos, métodos, recursos educativos, e organizações específicos, para atender às suas necessidades. Uma vez indicadas as características do aluno identificado com altas habilidades/superdotação e constatada a grande flexibilidade da LDB nas proposições organizativas da Educação Básica encontrada nos Artigos 23 e 24, associados ao previsto nos Artigos 58 e 59, novas formas de organização escolar poderão ser realizadas.
Por isso, todo cuidado é pouco quando indica-se a Aceleração de Estudos uma vez que, segundo Colangelo (2007a, p. 18), “as decisões sobre aceleração, tradicionalmente, têm estado baseadas em prejuízos pessoais ou informações incorretas e incompletas.” Sempre imaginamos que o aluno a ser acelerado irá queimar etapas do desenvolvimento sem percebermos que ele já vivenciou estas etapas de modo tão rápido que nem nos demos conta. É justamente o desconforto produzido pela assincronia que nos faz avaliar o que se passa com a adaptação escolar do aluno, buscando pela Aceleração de Estudos um lugar mais produtivo e menos entediante para o aluno com altas habilidades/superdotação.
Atendimento Educacional Especializado
Funcionando na Universidade, o PAAAH/SD oferece Programa de Enriquecimento/Aprofundamento Escolar de forma Tutorial nas Unidades de Ensino de acordo com os talentos dos alunos identificados. Realizado em menor quantidade, este tipo de atendimento depende de disponibilidade pessoal dos alunos, que ainda cursam a Educação Básica, para freqüentarem as aulas oferecidas junto aos alunos universitários ou individualmente e da disponibilidade de professores universitários para orientarem alunos que ainda estão na Educação Básica e que contam menor autonomia em relação aos universitários.
Já foram realizados projetos na Pedagogia (de Xadrez e no Laboratório de Informática em Educação Especial), História, Letras (Português/Latim), Antropologia, Arquivologia/Documentação, Matemática, Literatura, Física, Biologia e Vestibular Popular.
Foram contatados doze (12) professores, entre especialistas, mestres e renomados doutores, que desenvolveram projetos individuais de acordo com os interesses de cada aluno, promovendo uma nova forma de inclusão escolar.
Dentre os alunos atendidos, todos os que fizeram vestibular foram aprovados na UFF (Arquitetura, Letras: Português/Latim, Engenharia de Produção, Arquivologia/Documentação), na UFRJ (Filosofia), na UERJ (Direito) e estamos aguardando este ano um candidato ao Instituto de Física.
Nesta modalidade de atendimento foram incluídos, ainda, os alunos indicados pelo Projeto Jovens Talentos para a Ciência, da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Ciência do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ, que oferece bolsa de Iniciação Científica Jr. Este programa foi criado no Estado do Rio de Janeiro para o atendimento dos alunos do segundo ano do ensino médio, matriculados em escolas públicas, indicados pelos professores, por suas capacidades de aprendizagem e interesse científico.
Em 2007, recebemos a primeira aluna e já contabilizamos cinco, ao todo, realizando projetos de pesquisa com o objetivo de proporcionar oportunidade de escolha profissional por meio de um modelo de enriquecimento escolar, vivenciando formação científica, a partir da motivação pessoal, com criatividade e competência. Embora não se possa mais pensar a adolescência como em tempos atrás, algumas questões ainda ocupam espaço comum: o Ensino Médio é a etapa na vida do adolescente que trás a angústia das mudanças em si mesma; é a etapa do crescimento físico, da conquista da independência, da afirmação do Eu, da formação de grupos e dos interesses gregários, da instabilidade emocional e da escolha da profissão, entre outros, muitas vezes em idade precoce. Maturidade de escolha nem sempre pode ser observada entre os adolescentes e a decisão pela profissão futura envolve cultura, contexto social onde se vive, expectativas familiares, perspectivas de trabalho e de mercado, entre outras. Há, também, quem levante a possibilidade de motivações conscientes e/ou inconscientes dirigirem a escolha profissional.
A decisão de desenvolver um projeto de pesquisa com base no “Modelo de Enriquecimento Escolar” se deu porque ele foi proposto pelo educador norte-americano Joseph Renzulli com o objetivo de tornar a escola um lugar onde os talentos fossem identificados e desenvolvidos.” (apud. CHAGAS, MAIA-PINTO PEREIRA, 2007), e porque o nome do Programa, Jovens Talentos para a Ciência, fala por si mesmo. Considerando-se as precárias condições materiais de ensino em que muitas escolas se encontram, deixando de oferecer aos alunos mais pobres oportunidades de acesso ao conhecimento básico de Ensino Médio, o programa de iniciação científica criado, mais recentemente, parece ser uma chance de inclusão social para os alunos selecionados. São alunos com traços de altas habilidades/superdotação, invisíveis aos olhos dos professores presentes nas capacitações que visam formar competências para a identificação de alunos com altas habilidades/superdotação em sala de aulas.
Como afirmou Vigotski (1929, apud. DELOU & BUENO, 2010), discutindo a questão da genialidade, “condições econômicas e sociais favoráveis podem concorrer para um excelente aproveitamento dos talentos inatos.” (VIGOTSKI, 1929, apud. DELOU & BUENO, 2010). Tão claras as suas palavras por não negar o que desconhecemos, ou seja o modo como se produz biologicamente a inteligência e tão complexas por afirmar que “se a hereditariedade torna possível a genialidade, somente o ambiente social concretiza esse potencial, e cria o gênio”. (VIGOTSKI, 1929, apud. DELOU & BUENO, 2010) Ou seja, se os ambientes escolares não melhorarem de modo a oferecer outras condições escolares aos jovens estudantes brasileiros, nós perderemos muitos cientistas, artistas, políticos entre outros profissionais por falta de acesso aos conhecimentos e oportunidades para ingressarem e permanecerem no ensino superior.
Parcerias
Um dos papéis desempenhados pelo PAAAH/SD tem sido apoiar na forma de parceria as atividades desenvolvidas por outros núcleos e entidades não governamentais. Foi o caso do Núcleo de Atividades para Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S-RJ) que, localizado próximo à UFF, iniciamos parceria técnica, ad hoc, com suas três Unidades, Professor, Aluno, e Família, para a realização ações conjuntas em 2006, 2007 até a metade de 2008. Neste período foram realizadas assessorias para diagnóstico, atendimento educacional, formação de professores e o grupo de estudos Diálogos Criativos, onde foram discutidos casos, legislações e políticas públicas como a nova Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Outra parceria foi com o Instituto Rogério Steinberg, que havia começado de modo informal em 1999 e em 2010 se institucionalizou por meio de uma capacitação para os professores da Secretaria Municipal de Educação do Município do Rio de Janeiro. Esta capacitação teve o objetivo de favorecer condições para que os professores e especialistas em Educação desenvolvessem melhor compreensão sobre altas habilidades/superdo-tação.
Uma terceira parceria tem se mantida com o ISMART e a nossa finalidade é a de divulgar seus projetos.
O conjunto de experiências desenvolvidas ao longo de dezoito (18) anos consecutivos no ensino superior mostra que ainda existe demanda social pela falta de atendimento educacional especializado nas escolas públicas e privadas da região. Mostra, também, que ainda existem mitos a serem vencidos. Contudo, aparentemente, parece que as ações ganharam força política com a nova Resolução CNE/CEB Nº 04 de 2009, que Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Esta Resolução prevê no Artigo 5º, que o Atendimento Educacional Especializado é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios. (BRASIL, 2009)
Isto representa um avanço no que diz respeito às parcerias que podem ser realizadas pelos sistemas de ensino que ainda não institucionalizaram o atendimento educacional especializado para alunos com altas habilidades/superdotação. Estas parcerias poderão ser feitas com as entidades não-governamentais que vêm realizando tais projetos.
Além disso, há ainda o Artigo 7º que diz que
Os alunos com altas habilidades/superdotação terão suas atividades de enriquecimento curricular desenvolvidas no âmbito de escolas públicas de ensino regular em interface com os núcleos de atividades para altas habilidades/superdotação e com as instituições de ensino superior e institutos voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes e dos esportes. (BRASIL, 2009)
Ou seja, nós das universidades podemos, efetivamente, receber os alunos com altas habilidades/superdotação para favorecer-lhes o acesso aos níveis mais elevados de ensino.
Formação teórico-prática para o exercício docente na perspectiva da educação inclusiva
Com as novas ações relativas às políticas de inclusão na universidade, o PAAAH/SD passou a integrar a Núcleo de Acessibilidade e Inclusão – Sensibiliza UFF, desde 2006. Neste sentido temos participado das atividades coletivas como o Acolhimento Estudantil dos novos calouros, fazendo a recepção dos nossos próprios alunos aprovados na UFF.
Participamos da realização dos Seminários sobre Inclusão de Pessoas com Necessidades Especiais no Ensino Superior na UFF (2007, 2008 e 2009) e temos podido constatar o brilhantismo e os talentos dos alunos com deficiências que realizam nossos cursos de graduação e bacharelado. Temos registrado dois alunos cegos (um rapaz que faz História e uma moça que faz Psicologia), uma aluna surda que faz Química Industrial, um aluno com tetraplegia e comprometimento psicomotor generalizado (mãos e fala) que se formou em Física com Coeficiente de Rendimento acima de 9,5 (nove e meio). Agora ele realiza o curso de mestrado em Física com área de pesquisa em radiação em cavernas e seu destaque acadêmico é digno de registro.
O projeto mais recente e que nos instiga para a inovação é a interface do Programa de Atendimento a Alunos com Altas Habilidades/Superdotação com o recém criado Programa Escola de Inclusão. Contemplado com o PROEXT/MEC-2009 e o PROEXT/MEC-2010, este programa de extensão universitária tem o objetivo geral de formar professores de diferentes áreas do conhecimento (Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Educação Física, Enfermagem, Filosofia, Física, Geografia, História, Letras/Alemão, Espanhol, Francês, Grego, Inglês, Latim, Italiano, Literaturas, Matemática, Pedagogia, Psicologia e Química), em Libras, Braille e Materiais Didáticos Acessíveis.
Na Escola de Inclusão aprovada em 2009 destacam-se os comportamentos observados no alunado que faz parte da equipe de apoio, constituída de alunos que criaram e lecionam sobre Materiais Didáticos Acessíveis durante os cursos realizados nas de férias de julho (2009 e 2010) e em outubro (2009) durante a Agenda Acadêmica da UFF. Tais alunos mostraram os comportamentos descritos por Renzulli (1978, 1994, 1985) na Teoria dos Três Anéis, ou seja, habilidades acima da média, criatividade e grande envolvimento com as tarefas. Todos os Materiais Didáticos Acessíveis criados já foram testados com alunos cegos e surdos da Educação Básica e mostraram forte potencialidade para a transmissão de conceitos científicos representados por imagens e palavras, regra geral, inacessíveis aos alunos cegos e surdos.
Um estudo mais aprofundado está sendo realizado com vistas a identificar os indicadores de altas habilidades/superdotação dos alunos que constituem a equipe de apoio da Escola de Inclusão, sem que nunca tenham tido qualquer tipo de atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de suas altas habilidades/superdotação.
Na Escola de Inclusão aprovada pelo MEC para 2010/2011 destaca-se outro caráter inovador do Programa de Atendimento a Alunos com Altas Habilidades/Superdotação e que terá início neste segundo semestre de 2010, durante a oferta da disciplina Práticas Educacionais para Alunos com Altas Habilidades/Superdotação. Esta disciplina de 60 horas, divididas em 30 horas teóricas e 30 horas práticas, oferecida para alunos dos cursos de Pedagogia e demais licenciaturas, oferece oportunidade de práticas pedagógicas com alunos com altas habilidades/superdotação diagnosticados gratuitamente pelo PAAAH/SD.
Os alunos diagnosticados com altas habilidades/superdotação participarão de grupos de Atendimento Educacional Especializado formados por cinco licenciandos e um ou mais alunos com altas habilidades/superdotação uma vez por semana, durante o período de duas horas relativas às horas de prática da disciplina. Cada grupo desenvolverá atividades pedagógicas voltadas para os interesses ou habilidades dos alunos com altas habilidades/superdotação. Estão previstos atendimentos em áreas acadêmicas diversas: Física, Matemática, Geografia, Comunicação e Filosofia.
Temos duas grandes expectativas: uma com as atividades de Artes Plásticas, pois a aluna diagnosticada com altas habilidades/superdotação é surda, usuária de Libras, o que pensamos ajudará a disseminar esta língua entre todos do grupo. A segunda expectativa diz respeito aos projetos de Robótica Educativa a serem desenvolvidos com os alunos já diagnosticados com altas habilidades/superdotação e os alunos dos cursos de Matemática e/ou Física. A metodologia, sempre de pesquisa-ação, oferecerá oportunidades para que alunos com altas habilidades/superdotação façam protótipos com movimentos eletrônicos, enquanto os futuros professores de Matemática e/ou Física identificarão as equações implícitas em cada projeto. Os alunos da UFF trabalharão pedagogicamente com os alunos com altas habilidades/superdotação sobre estas equações. Em 2011, quando todos estiverem seguros dos novos conhecimentos adquiridos, todos irão ao Instituto Benjamin Constant e desenvolverão uma oficina pedagógica com os alunos cegos do Ensino Fundamental para repasse das novas aprendizagens testando a metodologia de ensino que inclui a participação de alunos com altas habilidades/superdotação, autores dos protótipos.
Nosso objetivo com esta nova atividade é o de formação de futuros professores, oriundos dos cursos de licenciaturas e dos grupos de alunos diagnosticados com altas habilidades/superdotação, diferenciados por valores humanitários focados na sociedade inclusiva. O bom uso da inteligência a serviço do bem na sociedade brasileira.
Elaboração de trabalhos acadêmicos de pesquisa
A culminância da formação inicial dos estudantes da UFF é o trabalho de final de curso. O PAAAH/SD continua apoiando os alunos de graduação e pós-graduação que desejam estudar o assunto, favorecendo o acesso aos alunos com este perfil definido e criando ambientes de aprendizagem onde estudos e pesquisas possam se desenvolver. Enquanto um maior número de cursos de formação stricto-sensu não forem criados com vistas à formação de docentes do ensino superior e de pesquisadores para a área das altas habilidades/superdotação continuaremos encontrando dificuldades no atendimento educacional especializado destes alunos, preferencialmente na rede regular de ensino, nas salas de aulas regulares, ou mesmo nas salas de aulas multifuncionais. Sem professores qualificados não há como identificar ou atender alunos com altas habilidades/superdotação nas escolas das redes públicas e privadas de ensino.
Em 2020, foi decretado o estado de emergência por causa da Covid-19 e o trabalho remoto foi reconhecido como oficial.
HISTÓRICO DA METODOLOGIA REALIZADA PRESENCIALMENTE ATÉ O ANO DE 2019. MANTEMOS A METODOLOGIA AQUI DIVULGADA PARA INSPIRAR A CRIAÇÃO DE OUTROS ATENDIMENTOS. NO MOMENTO, OS ATENDIMENTOS ESTÃO SUSPENSO DEVIDO À PANDEMIA.